Coisas Autônomas
As Coisas Autônomas (AuT, do inglês Autonomous Things), são tecnologias que utilizam inteligência artificial e machine learning para fazer objetos e máquinas operarem parcial ou completamente independentes de interferência humana.
Esse tipo de tecnologia já está presente em ambientes controlados, como no setor de extração de minério e em armazéns, como os da gigante Amazon, que “empregam” milhares de robôs nas mais diferentes funções, interagindo com seus funcionários humanos para navegar por quilômetros de prateleiras, localizar, separar, embalar e enviar milhões de produtos em uma fração do tempo no qual uma pessoa levaria.
Esses são apenas exemplos pontuais do infinito potencial dessa tecnologia. Hoje atingimos as bases para o desenvolvimento e implementação das Coisas Autônomas por conta da miniaturização de estruturas com grande poder computacional, pelos avanços na construção de inteligências artificiais cada vez mais complexas e também pelo aperfeiçoamento e barateamento de dispositivos embarcados com a Internet das Coisas (IoT, do inglês Internet of Things).
POR QUE AUTOMATIZAR?
De carros autônomos a robôs de cuidado pessoal para idosos, a verdade é que as Coisas Autônomas podem estar presentes em quase todas as áreas da nossa sociedade, em maior ou menor grau de aplicação.
A perspectiva é que a adoção deste tipo de tecnologia supere os ambientes controlados para atingir funções que exijam cada vez mais interação natural com seres humanos e outras máquinas. Seu grande diferencial está na capacidade de avaliar situações, tomar decisões, botá-las em prática e aprender com seus resultados.
No uso industrial, por exemplo, a tecnologia por trás das Coisas Autônomas permite que uma grande embarcação consiga sozinha analisar os padrões do clima e traçar rotas menos perigosas, alcançando seu destino de forma eficiente e segura. Ou ainda que um drone sobrevoe uma área de plantio, capturando e cruzando informações, escolhendo a hora certa de iniciar uma colheita e disparando outros equipamentos autônomos em um “efeito de enxame” onde todas as partes trocam dados e decisões em frações de segundos para operarem em conjunto.
É CLARO, AINDA EXISTEM DESAFIOS…
Como todas as inovações disruptivas, as Coisas Autônomas levantam também uma série de questionamentos nos campos da ética e da segurança.
Em relação a ética, quanto mais deixamos as decisões nas mãos de softwares e máquinas autônomas, mais precisamos compreender e garantir segurança nos processos que levam essas decisões a serem tomadas. Isso fica mais explícito quando falamos de um drone militar automatizado que consiga identificar grupos de risco e lançar um ataque sem a decisão de uma pessoa. Quando falamos de acidentes que envolvam veículos autônomos, por exemplo, por mais que as previsões apontem que eles sejam 10 vezes mais seguros do que os comandados por humanos, e que aproximadamente 1,35 milhões de pessoas morram todos os anos em decorrência de acidentes de trânsito, a sociedade ainda não está disposta a aceitar um décimo dessas mortes se elas forem causadas por veículos autônomos.
Sobre segurança, é compreensível que quanto mais autonomia damos para as máquinas que nos rodeiam, mais esperamos que elas sejam invioláveis por pessoas mal intencionadas. Ninguém quer ter seu carro hackeado e danificado, ou sua entrega desviada por um criminoso. A aplicação da inteligência artificial e dos processos de machine learning também serve para o aumento da confiança nesse tipo de tecnologia que poderá identificar e corrigir brechas de segurança em sua própria estrutura.
“Hoje atingimos as bases para o desenvolvimento e implementação das Coisas Autônomas por conta da miniaturização de estruturas com grande poder computacional.”
MAS ELES ESTÃO CHEGANDO!
É difícil mensurar o quão próximos estamos da adoção das Coisas Autônomas, mas no campo dos transportes e da logística, por exemplo, esse futuro já está quase ali na esquina. Grandes companhias como a Tesla, fabricante norte-americana de veículos elétricos, e a gigante Ford, entre outras, já testam seus carros autônomos em locais selecionados dos Estados Unidos e há a promessa de que os próximos 2 ou 3 anos nos brindem com uma frota inicial atuando como táxis sem motorista.
A pandemia que estamos vivendo, causada pelo novo coronavírus (Covid-19), também nos forçou a repensar as formas como trabalhamos em sociedade e acabou estimulando o crescimento das aplicações que favorecem o isolamento social. Na China, serviços já testam entregas através de veículos autônomos e robôs para minimizar o contato entre as pessoas e evitar o contágio. Drones também estão sendo utilizados para patrulhar áreas e evitar aglomerações, e as grandes indústrias chinesas que abastecem o mundo inteiro estão enfrentando o desafio de rapidamente automatizar suas fábricas para retomar a produção.
De algo podemos ter certeza: a adoção das Coisas Autônomas nos mais variados setores da nossa sociedade já estava progredindo com passos firmes, e a situação de exceção que vivemos só acelerou esses esforços, alavancando uma verdadeira revolução em nosso modo de viver da qual não existe volta.